domingo, 15 de agosto de 2010

Assim é a vida, Charlie Brown

Eu tinha 16 anos e era aula de Filosofia da Educação.

O professor se chamava Luis e as meninas achavam ele gatinho. Eu achava ele blasé.

Ele entrou e disse: "não se pode inventar nada que já não exista".

Eu pensei: "que tonto, eu mesma já inventei um monte de coisas que não existem" e já ia dizer: "olha, eu imaginei um monstro de geleia azul, com olhos de mola e meias vermelhas, por acaso isso existe? Não? Então eu inventei algo que não existe, como queríamos demonstrar", mas alguma menina com imaginação menos saltitante foi mais rápida:

- Mas e se eu inventar uma bruxa, professor?
- Bom, uma bruxa não existe, mas é a combinação de características e coisas que existem: uma mulher existe. Chapéu pontudo existe. Vassoura existe. Caldeirão existe. Verruga na ponta do nariz existe. Tudo o que você faz é imaginar uma combinação, não algo realmente novo.

Surtei.

Essa foi uma das grandes descobertas da minha vida.

Assim como quando minha mãe me contou que a bucha do banheiro era uma planta (isso explicava as misteriosas sementes que apareciam dentro dela!) e que é a gente que esquenta o cobertor, e não o cobertor que esquenta a gente.

A verdadeira sabedoria vem de onde a gente menos espera. Como o box do banheiro ou a sala de aula.