quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sorte grande

Eu vou confessar uma coisa sinistra.

Às vezes quase choro de emoção quando ouço "Sorte Grande", da Ivete Sangalo. É. A música que eu (e a torcida do Flamengo) jurávamos se chamar "Poeira".

Engraçado, porque eu sempre tive o maior desprezo por axé music (coisa que veio a mudar depois do Carnaval de 2009, mas isso conto em momento mais adequado). Só que, num belo sábado de 2006, acordei amando essa música. Assim mesmo, acordei amando. Não é que acordei com ela na cabeça; que baixei e ouvi umas 4 ou 5 vezes no dia e passou. Não. Acordei amando.

Aí tudo bem, ficou aquele amor pelo hit de verão de Ivete ali, guardado. E, de repente, eu percebi que talvez eu amasse essa música porque ela me lembrava o meu irmão João.

Um, por razões óbvias: ele adora axé. Dois, por razões que só fui perceber depois: quando o João Paulo nasceu, eu não gostava muito dele. Narrei essa história mil vezes, e hoje ela é mesmo engraçada, mas eu sofri de verdade naquele outubro de 83, quando ele chegou depois de nove meses de promessas de "um amiguinho" e de repente eu tinha que dividir todo o meu mundo com mais alguém.

Mas em seis meses eu acho que já gostava mais do João Paulo do que de qualquer outra pessoa do mundo. A minha sorte grande foi ele cair do céu. Minha paixão verdadeira.


Olhaí, meu olho já se encheu de água.
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Canta, Ivete, enquanto eles riem.