domingo, 16 de maio de 2010

O que eu mais quero/O que mais eu quero

Durante a semana em Roma, havia uma imagem e uma frase poderosas que dominavam os corredores de todas as estações do metrô. Era o cartaz de um filme chamado "Cosa voglio di più".
Pensei que "cosa voglio di più" significasse "o que eu mais desejo". Acho que foi a foto do cartaz que me induziu à tradução errada.

Fiquei com aquilo na cabeça, assim como fiquei com a imagem e o amor de outras palavras escritas também em uma estação do metrô, mas na plataforma da Re di Roma, feitas com o dedo sobre a sujeira que levanta dos trilhos e se gruda aos azulejos:

Roma, solo Roma
Caput Mundi

E só hoje, ao escrever esta historinha, vim a descobrir que talvez "cosa voglio di più" não signifique "o que eu mais quero", mas sim "o que mais eu quero" ("what more do I want"), o que muda tudo; e mudar tudo me desaponta um pouco porque eu estava errada, mas também me enche de alegria porque mostra como uma mera, pequena troca de ordem, só de duas palavras, pode mudar todo o sentido de uma frase, e eu gosto de sentir que uma mera, pequena alteração em alguma coisa pode mudar tudo de forma radical.

Passei semanas refletindo sobre o que eu mais quero instigada pela imagem e pelas palavras do cartaz. A resposta, por incrível que pareça, é a mesma que eu daria se tivesse me esforçado para responder à pergunta "o que mais eu posso querer?". O que eu mais quero é o que mais eu posso querer.

Me surpreendi ainda mais, porque às vezes, mudar tudo não muda nada.

Os olhos treinados pegam a declaração de amor improvisada
e subterrânea a uma cidade