terça-feira, 4 de maio de 2010

Depois de um longo inverno

(Ou ainda no meio dele)

As cidades têm uns sons que, quando a gente mora, deixa de perceber.

Eu tenho que me concentrar um pouco para ouvir o som de São Paulo (a não ser o caminhão do lixo ou o gerador do prédio ao lado quando acaba a energia, porque eles soam em uma frequência que funciona, para mim, como aqueles apitos de irritar cachorros).

Mas quando você passa um tempo em outra cidade, escuta tudo de novo.

Em Roma, as ambulâncias soam o tempo todo. E soam diferente das daqui. (As ambulâncias que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá). Aquilo me deixava em estado de atenção quase constante, porque a gente nem percebe, mas sobe os ombros quando ouve uma sirene.

Minha mãe e eu, que viajamos juntas, ficamos tentando entender qual era a das ambulâncias romanas. Vai ver o trânsito é tão disgramento - e, acredite-me, ele é - que os motoristas de ambulância ligam a sirene quando entram no veículo, de manhã, e só desligam à noite. Ou vai ver acontecem muitos acidentes, enfartos e corações partidos em Roma, então se precisa muito da ambulância e é sempre uma emergência.

Depois percebemos que estávamos hospedadas perto de um hospital.