domingo, 27 de junho de 2010

No farol

Dia desses eu estava parada no farol quando uma moça vestida de joaninha se aproximou e me entregou um panfleto que alardeava as últimas unidades de um empreendimento imperdível, bem localizado e perto de tudo que eu preciso.

Uma moça vestida de joaninha.

O que acontece com as incorporadoras e imobiliárias que fazem as pessoas entregarem folhetos no farol vestidas de joaninha, egípcia ou envergando trajes de gala?

Roberta outro dia me disse que um possível surgimento da commedia dell'arte está nos vendedores dos mercados que precisavam se diferenciar no anúncio de seus produtos.

Um gritava, o outro gritava também. Então o um decidia ir trabalhar fantasiado. E o outro o superava com piruetas. E o um declamava um poema. Tudo para atrair a freguesia. A gente precisa do dicumê, né?


Aí lembrei do Marx (Karl, não Groucho), que cabeceou a bola lançada por Hegel e resumiu num golaço: a história se repete, primeiro como farsa e depois como tragédia.