Mas só por dentro.
* * *
Darlene* tinha uma forma bem engraçada de expressar sua, digamos, insatisfação com alguém ou com alguma situação.
Ela ouvia atentamente o interlocutor -- um professor arrogante ou uma colega de classe folgada, sei lá -- e, em seguida, coçava alguma parte do rosto com o dedo médio, dando ao ato ênfase suficiente para eu perceber que ela estava, de fato, mandando a pessoa ir se fuder. Mas também com delicadeza suficiente para que parecesse, ao ofendido, um gesto corriqueiro.
Às vezes ela esfregava o canto da testa com o polegar e o indicador. Isso significava que o interlocutor era um corno.
* * *
Eu nunca arrumei um jeito tão bom assim de expressar minha agressividade.
Por isso, quando fico uma vaca mesquinha e insuportável, é só por dentro.
* O nome foi trocado para que Darlene possa continuar amaldiçoando as pessoas apenas coçando a testa ou a bochecha, sem que elas percebam.