terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Tempo livre

Quando eu era pequena, tinha muito tempo livre.

Tinha tempo de congelar moscas e revivê-las de novo em colherzinhas cuidadosamente balançadas sobre a chama mínima do fogão.

(E ainda tinha tempo de convencer minha mãe de que os procedimentos eram absolutamente higiênicos, porque depois eu lavava a colher com álcool).

Tinha tempo de congelar xampu e condicionador em potinhos vazios outrora ocupados por filmes fotográficos do meu pai.

E depois tomar banho com eles, convencida de que o congelamento garantia uma melhor distribuição do produto.

(Eu tinha tempo de me convencer disso também).

Acho que eu era meio ligada em criogenia.

Ou apenas tinha muito tempo livre.