sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

E se minha mãe

"Aids, pop, repressão
O que é que eu fiz para merecer isto?"
-- Ratos de Porão

Sempre que passo por reveses em sequência -- a series of the same misfortunate event -- tenho a clara sensação de que aquilo nunca vai acabar. Eu nunca mais vou dormir bem, o sol nunca mais vai sair, etc.

É meio que o contrário da sensação de abrir a gaveta de roupas de lã no auge do verão e pensar indignada: "como eu pude usar isso um dia?"

* * *

Acordei às 7h e 55 minutos depois estava naquele ambiente asséptico, com chão de granito e suaves tons creme, iluminação indireta, ar condicionado, gente uniformizada falando baixinho.

Cheiro de aeroporto.

Tinha um espaço infantil, uma espécie de castelinho com pinturas coloridas e mesas minúsculas de plástico. Fiquei pensando como seria se eu tivesse uma filha e ela estivesse ali comigo. Imediatamente meu cérebro rebobinou sem eu pedir e pensei como seria se minha mãe estivesse ali e eu com ela, pequena.

Eu não iria no castelinho.

Mas o cheiro do lugar, as cores, as pessoas, iam ficar na minha cabeça para sempre.