sábado, 31 de julho de 2010

A mão de capivara

A mão de capivara é parte integrante da nossa vida e não pode ser vendida separadamente.

Ela consistia, bem, em uma... mão de capivara. Pata, na verdade, né. Empalhada. Era do meu avô, mas ele deu para o João Paulo, acho que de tanto o moleque insistir.

Eu tinha absoluto pavor da mão de capivara. Ela era dura, morta, conservava unhas escuras e, morram, pelos. De capivara. Era um troço bem nojento, ainda mais quando você tem 14 ou 15 anos.

Quando você é menino e tem 9 ou 10, pelo contrário, a mão de capivara é uma das coisas mais legais que você já viu na vida. O João Paulo amava aquela mão de capivara, guardava com todo carinho, levava na escola quando podia e, sobretudo, colocava em cima do meu travesseiro para me assustar.

A mão de capivara também é legal quando você é uma menina com os mesmos 14 ou 15, mas signatária de um respeitável espírito de porco. Então, a Roberta amava a mão de capivara e tinha planos para ela. E me fez levá-la para a Disney, na nossa excursão de comemoração aos 15 anos.

No aeroporto, ela escondeu a mão de capivara sob a manga, segurando o cartão de embarque contra a pata empalhada. Como se a mão de capivara fosse a mão direita dela. E estendeu-a para a aeromoça. Que tomou um susto e deu um salto de banda, desfazendo o sorriso de boas-vindas em uma cara de horror.

E assim começou a viagem para a Disney.

Não sei onde foi parar a mão de capivara.

Até hoje, quando vemos uma capivara nos parques de Curitiba, meu irmão se pergunta se é naquela que está faltando uma patinha.