Ontem apareceu uma barata em casa, andando como se estivesse meio bêbada sobre o tapete branco.
Ela tinha uns 20 centímetros de envergadura. Trinta com as asas abertas.
Eu sou uma mulher de poucos princípios. Um deles é jamais estar na extremidade de um objeto em cuja outra extremidade se encontre uma barata.
Por isso eu não encosto em nada que encoste em uma barata. Eu não mato baratas com vassouras, chinelos ou qualquer outro artefato. Só com inseticida em spray.
Que eu não sabia se tinha em casa, já que nunca tinha aparecido uma barata neste apartamento.
Ela tentou entrar no guarda-roupa do Ricardo. Eu empurrei as portas, suando frio. Pingando, corri até a outra ponta da casa. Acendi a luz do banheirinho, subi no vaso, olhei atrás dos produtos de limpeza, veja não, vanish não, sapólio não, RAID PRETO sim! Ufa.
Corri tudo de volta, cozinha, corredor, sala, hall, será que a barata ainda está lá?, ela pode estar em qualquer lugar, debaixo do tapete, no meio dos lençóis, na gaveta do criado-mudo, roendo os meus diários, que horror, comendo tudo que está escrito, quarto, a barata ainda está lá.
Toma, descarreguei o inseticida.
Agora havia um cadáver de 40 centímetros sobre o tapete branco. Que bom. E mesmo que a barata se desmaterializasse, estava impossível ficar no quarto naquele momento. Muito raid preto.
Então arrastei o tapete para fora do quarto, deixei um bilhetinho para a Lu, fui assistir a "12 Homens e uma Sentença" e só dormi à uma da manhã.
E toda vez que passava pelo corredor, com aquele corpo de meio metro por entre o tapete, lembrava da música do Erasmo:
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Barato bom é do Erasmo
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