terça-feira, 22 de março de 2011

Há limites

Quando eu era pequena e passava as férias na praia, às vezes todo mundo tinha preguiça e ficava acertado que teria bauruzinho de jantar. Aquele lanche de pão de forma com presunto, queijo e tomate, um clássico das casas de praia de todo o Brasil.


Então minha mãe comprava meio quilo de presunto, meio quilo de queijo e três pacotes de pão de forma. E aquilo tinha que virar bauruzinho para os 523 primos que estavam ali na casa de praia, jogando Jogo da Vida ou Rouba Monte ou zanzando em volta da casa, pelos corredores do quintalzão.


Logo, cada lanche levava tão somente uma fatia de presunto. Uma única, contada fatia, senão o presunto acabava antes. (E, se o presunto acabasse antes, faziam-se os lanches apenas com queijo).


Hoje eu ainda hesito ao estender a mão rumo a uma segunda fatia de peito de peru quando faço um lanche para o meu café da manhã. Porque este é o tipo de coisa que forja o caráter, dividir o presunto com 522 primos.


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Minha mãe, por sua vez, quando era pequena, só comia apresuntado. E olhe lá.


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A Lara não gostou muito do carpaccio que ela experimentou hoje, pela primeira vez, no restaurante tipo buffet aqui perto.


(Em compensação, adorou os chips de abobrinha e o tiramisú de rapadura).


Quando ela quis voltar a se servir e eu disse para ela usar o mesmo prato, ela comeu todo o carpaccio que estava no cantinho, sem reclamar.


Está forjando o caráter.


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Fazer coisas que a gente não gosta forja o caráter. Mesmo que seja pelo prazer de se livrar delas quando a gente cresce.


Como colocar duas, às vezes três fatias de peito de peru no sanduíche das manhãs e se sentir feliz com isso.

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O Arcade Fire não é uma bad hair band?

Ainda bem que eles não precisam ser mais uns rostinhos bonitos na multidão.

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Only Dean has the magic technique.