Isso é do que mais me lembro quando da nossa visita ano passado à Siegessäule, um monumento famoso de Berlim (é aquela coluna bem alta com o que eu achava que era um anjo dourado - mas descobri ser a deusa da Vitória - em cima). Quando eu subi a longa escadaria encaracolada que passa por dentro da coluna e leva aos pés da estátua, li esta frase escrita no espelho de um dos degraus.
Penso nela todas as vezes em que vejo alguém com aquela atitude "no meu tempo é que era bom".
As coisas das quais as pessoas se queixam sempre existiram, em maior ou menor grau. Só que elas se esquecem. E começam a achar que no tempo delas é que a música era boa. No tempo delas não tinha violência. No tempo delas é que se tinha respeito. But we've always been this close to madness.
Isso sai com mais frequência da boca de pessoas mais velhas. Mas vi que estamos mesmo perdidos, irmãos, quando li no Twitter um post que reclamava mais ou menos do seguinte: "no meu tempo, as crianças gostavam de Dragonball, não do Rebolation". Hahaha. Dragonball foi ontem, mané!
(E, aliás, Rebolation é legal. Podia durar metade do tempo, mas é legal).
Eu tive meu tempo. E terei muitos outros. Não é que eu tenha um problema sério com pessoas que se recordam. Eu adoro me lembrar. Mas existe uma diferença fundamental entre "eu me lembro" e "no meu tempo é que era bom". There were, definetely, the old days. But not only the good old days.
Da Siegessäule, (quase) nada mais me lembro. Porque, ao chegar lá em cima, comecei a passar mal com a altura e conjecturar as teorias mais absurdas e ingênuas (por exemplo, que os nazistas haviam movido esta coluna do lugar original e a plantado lá, então isso não podia ser seguro) e achei piamente que o negócio ia cair com a gente em cima. Desci correndo, à beira de um ataque de pânico, e não tirei a foto que planejara desta frase sensacional. Mas acho que assim ela se gravou ainda melhor na minha cabeça.
* Este post ia se chamar Tempus fugit, mas achei muito esnobe um título em latim. Por favor, me digam que um conceito em alemão não piorou.
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Aí veio a Rosana Hermann e resumiu em um tweet:RT @rosana: Antes da web, alunos copiavam os textos da Barsa.Agora dão Ctrl+C Ctrl+V na Wikipedia. #NadaMudou