quarta-feira, 13 de julho de 2011

Never mind the gap

Faz tempo.

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Sempre que eu ouço o Ney cantando bem melífluo sobre o amor da flor de cactus, eu penso nesta pintura da Tarsila. Que nem é um cactus, mas um manacá.

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Eu acho que nunca vi um manacá de verdade. Se vi, não sabia o que era ou não prestei atenção.

Assim como nunca vi uma groselha, nem um sagu.

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O mês passado nas ilhas me levou a algumas observações safadas e genéricas sobre os ingleses.

Os ingleses têm três grandes obsessões, sendo a primeira as coisas feitas da maneira proper e a própria palavra em si. Tudo é ou deveria ser proper, até os cachorros-quentes e hambúrgueres.

A segunda (obsessão) são os trocadilhos, que vão das manchetes de jornais (ver "Fish in best ever shape after cutting the chips") aos nomes das lojas (ver a enoteca "Planet of the Grapes") aos títulos dos grandes clássicos da literatura nativa (ver "The Importance of Being Earnest").

E sendo a terceira o ameaçador, assustador, perigosíssimo e insidioso...

THE GAP.

Eles passam metade do tempo mandando você tomar cuidado com ele em todas as estações do metrô, às vezes com anúncios de voz escabrosa. Como se um vão de dez centímetros entre o trem e a plataforma fosse a maior ameaça viva ao império britânico nestes tempos de crise.