terça-feira, 2 de novembro de 2010

El día de los muertos

"The days to come, the days to share"
-- REM, Photograph

Na casa da minha avó era a maior economia.

O papel higiênico era Primavera, sempre. Áspero e cor de rosa.

As cascas de ovos iam para os vasos de orquídeas.

Os restos de sabonetes eram amalgamados em pequenas bolinhas multicor, que continuavam ali para se lavar as mãos.

O sofá era reencapado.

As pontas das canetas eram aquecidas na boca do fogão.


* * *
Minha avó sorria e me chamava de "boba" quando eu, fresca, não queria comer ou fazer alguma coisa. Ou quando eu respirava pela boca ao passarmos pelas barracas de peixe na feira.

Meu avô era enorme, esbravejava e consertava tudo.

(E gostava de jogar no bicho. Ao lado do telefone ficava um bloquinho impresso com siglas que eu não entendia. Fiz muitos desenhos e escritinhos nessas folhinhas, que mais tarde percebi que eram folhas de apostas de jogo do bicho, para todos, federal, essas coisas).

* * *
No fim, acho que a Nina gostava do Berto.