sábado, 9 de outubro de 2010

Como se fosse 95

Um dia eu acordei e me senti em 1995.

Não é que eu me lembrei por um instante de como era estar no terceiro ano colegial. Ter 17 anos e 43 quilos. Precisar de um emprego. E de pernas mais grossas. Ser apaixonada por um garoto que não queria namorar comigo. Achar Pulp Fiction o melhor filme da história. Namorar garotos que eu não queria tanto namorar. Ter a vida toda pela frente, mas achar que o mundo ia acabar se a minha mãe não me deixasse sair naquele sábado. Arranjar novos amigos. Viajar com eles. I can't stop loving you. Take me out tonight. Fumar cigarro de cravo. Ver a Roberta todo dia. Acordar ouvindo músicas dos anos 60. Passar delineador às 6h30 da manhã. Entrar em uma sala luminosa às 7h30, meio atrasada e procurando o menino de rabo de olho. Escrever artigos para o jornal da escola. O cheiro do anfiteatro. O fusca da Rose, que levava a gente para fazer as reportagens do jornal. O fichário encapado com contact, uma foto PB da Marilyn de um lado, uma propaganda de cigarro do outro. Dormir à tarde. Acordar e assistir Cavaleiros do Zodíaco. Minha mãe meio longe. Uma irmã meio nova. Estudar Física, Química e Biologia. Querer ser diferente. Rezar para ser igual.

Não. Nada disso.

Um dia eu simplesmente acordei como se fosse 1995. E eu fosse a menina de 17 anos, 43 quilos etc e tal.