quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Vá chamar o Vincebo

Começava assim:

"- Vá chamar o Vincebo."

A partir dessa frase corriqueira, toda a família se alvoroçava. Eles não eram ricos, longe disso, mas também não eram miseráveis. Moravam no campo, sem dúvida. Aquelas casas iluminadas à luz de lampião e caiadas de branco com janelas verde-água. Ou caiadas de verde-água com janelas azuis. Enfim.

A velhinha estava deitada na cama e só mandava chamar o Vincebo uma vez, decidida. Seu pedido seria atendido, mas custaria um bocado de elucubrações individuais para cada membro daquela família.

O problema é que *eu não consigo me lembrar porque ela estava mandando chamar o Vincebo*.

Eu pensei nessa história quando estava quase dormindo. Ela parecia muito boa. Muito boa mesmo. E, sobretudo, ela fazia total sentido.

Só que agora eu não me lembro do fim. Quer dizer, do motivo. O motivo era tudo. O motivo da velhinha para chamar o Vincebo.

Ou talvez eu só estivesse com febre, para inventar um nome assim.

(Pronuncia-se vincêbo, sim?, com a tônica no ê).