terça-feira, 26 de julho de 2011

All things Silvio

Silvio no ônibus

- Esse aqui sobe a Teodoro?
- Sobe, sim, Silvio, até o Hospital das Clínicas.
- Então ele vai até as Clínicas?
- Isso.
- Depois de subir a Teodoro?
- Exato, Silvio.
- Primeiro ele sobe a Teodoro e depois chega no Hospital das Clínicas?
- Isso mesmo.
- Quer dizer, então, que esse ônibus vai até o Hospital das Clínicas?
- É, Silvio.
- E ele vai pela Teodoro?

* * *

Silvio no restaurante

- O menu executivo inclui sobremesa?
- Inclui, sim, senhor. Vem a entrada, um prato principal e a sobremesa.
- Então, antes da sobremesa, tem o prato principal?
- É.
- E antes dele, a entrada?
- Exatamente, Silvio.
- Porque, depois de vir a entrada, vem o prato principal e a sobremesa?
- Isso mesmo, Silvio.
- Mas se eu quiser a sobremesa, já está inclusa no menu executivo?
- Exato.
- Porque o menu executivo inclui entrada, prato principal e sobremesa, correto?

* * *
Silvio no médico

- É para tomar um comprimido antes de cada refeição?
- Justamente.
- Então, antes de comer, eu tomo um comprimido destes?
- Toma.
- Primeiro eu tomo o comprimido, depois eu como?
- Exatamente, Silvio.
- Se eu comer primeiro, nem adianta tomar o comprimido?
- Não, não adianta, Silvio.
- Porque eu tenho de tomar o comprimido antes de comer, é isso?


Ma ôe

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Glub Glub ou A ingenuidade eterna dos irmãos mais novos

Um dia, acho que eu tinha 17 anos - eu sempre acho que eu tinha 17 anos - a gente estava assistindo "Glub Glub" e o João Paulo falou:
- Tata, como eles fazem para entrar nessa fantasia de peixe?

E eu disse:
- É assim, João: esse corpinho do peixe é um capacete, só na cabeça. Os atores usam uma malha verde do pescoço para baixo, e ficam em frente a um cenário todo pintado de verde, todinho, porque aí depois se projeta um fundo que só aparece na TV, chamado cromaquí.

Ele levou uns três segundos me olhando com cara de desconfiado e depois falou:
- Como você mente, eu sei que são atores anõezinhos!

No que eu devia ter rebatido "e como chama a mulher do anão?". Mas fui completamente desarmada pela ingênua incredulidade invertida do meu irmão.


quarta-feira, 13 de julho de 2011

Never mind the gap

Faz tempo.

* * *

Sempre que eu ouço o Ney cantando bem melífluo sobre o amor da flor de cactus, eu penso nesta pintura da Tarsila. Que nem é um cactus, mas um manacá.

* * *

Eu acho que nunca vi um manacá de verdade. Se vi, não sabia o que era ou não prestei atenção.

Assim como nunca vi uma groselha, nem um sagu.

* * *

O mês passado nas ilhas me levou a algumas observações safadas e genéricas sobre os ingleses.

Os ingleses têm três grandes obsessões, sendo a primeira as coisas feitas da maneira proper e a própria palavra em si. Tudo é ou deveria ser proper, até os cachorros-quentes e hambúrgueres.

A segunda (obsessão) são os trocadilhos, que vão das manchetes de jornais (ver "Fish in best ever shape after cutting the chips") aos nomes das lojas (ver a enoteca "Planet of the Grapes") aos títulos dos grandes clássicos da literatura nativa (ver "The Importance of Being Earnest").

E sendo a terceira o ameaçador, assustador, perigosíssimo e insidioso...

THE GAP.

Eles passam metade do tempo mandando você tomar cuidado com ele em todas as estações do metrô, às vezes com anúncios de voz escabrosa. Como se um vão de dez centímetros entre o trem e a plataforma fosse a maior ameaça viva ao império britânico nestes tempos de crise.